Onde eu vou usar isso na vida? Pra quê eu tenho que aprender isso? Essa matéria é tão inútil! – Quem tem filhos em fase escolar com certeza já ouviu algumas dessas expressões em casa, especialmente naqueles momentos nada motivadores de fazer a tarefa de casa ou estudar para a prova. Esse sentimento de inutilidade do que se aprende em teorias na escola decorre principalmente da falta de aplicação prática dessas teorias no cotidiano do aluno, o que chamamos de “materialização da teoria”.
Cada vez mais, a materialização da teoria tem ficado por conta das tecnologias e aplicativos que tanto facilitam nosso dia-a-dia, sendo requerido, cada vez menos, os conhecimentos teóricos por parte de nós, usuários. As crianças desta geração não precisam saber ler um mapa, basta ligar o GPS e ele indicará o caminho para você. Não precisam saber usar a fita métrica, pois existem aplicativos que tiram medidas digitalmente. Não precisam saber a ordem alfabética para pesquisar no dicionário, pois o dicionário é digital, basta digitar a palavra. Aliás eles nem precisam mais digitar, é só falar e o aplicativo entende. No entanto, este é um caminho sem volta. As tecnologias trouxeram tantas facilidades em nossas vidas, que não sabemos mais viver sem elas. Mas, então, como dar sentido ao aprendizado teórico escolar? É aí que entra a cultura maker.
A cultura maker está fortemente ligada a todas as experiências na Cooking Lab e pode ser definida como toda atividade que incentiva a criatividade, construção, autonomia e trabalho colaborativo. É durante estes momentos que a criança vai entender o valor da teoria aprendida nas salas de aula.
A cozinha, quando manipulada de forma segura e responsável, pode se transformar num laboratório ideal para prática de outras habilidades, que vão muito além de cozinhar:
Autonomia, senso crítico, trabalho colaborativo: é preciso que as crianças aprendam que elas têm a capacidade de controlar sozinhas determinadas situações. Na cozinha, elas recebem orientações, mas tem a autonomia de preparar os próprios alimentos. Tomam decisões (devo colocar mais sal? E se eu trocar o leite por água?) e, através dos resultados, compreendem os efeitos de tais decisões. Interagem em grupo e buscam consenso de forma crítica.
Quando as crianças são incentivadas, durante sua formação escolar, a experimentar a resolução de problemas na prática por meio da cultura maker, aumentam exponencialmente as chances de conseguirem pensar criticamente diante dos desafios da vida adulta e, mais do que isso, encontrar soluções para esses desafios.